Matéria da Revista Techne de dezembro de 2010 – Modo econômico na Habitação
Construtoras apostam na diversificação dos sistemas construtivos para atender aos segmentos econômico e supereconômico. Alvenaria estrutural e paredes de concreto viabilizam maioria dos empreendimentos
Os segmentos econômico e supereconômico vêm se desenvolvendo no Brasil com o grande aumento de oferta de moradia, principalmente entre classes mais baixas. Trata-se de empreendimentos voltados a famílias entre três e seis salários, ou imóveis cujo valor não ultrapasse R$ 120 mil.
Normalmente, tais empreendimentos seguem a linha popular de condomínios de casas, sobrados ou edifícios de até quatro ou cinco pavimentos, com grande número de unidades de mesma tipologia.
Os sistemas construtivos utilizados buscam ganho de prazo e utilização de pouca mão de obra, que está cada vez mais escassa e cara. A já sentida falta de mão de obra acabou por viabilizar investimentos em novas tecnologias. E o prazo apertado, condicionante praticamente constante nas construções do País, forçou uma busca pela produtividade. No final, percebe-se um direcionamento para a industrialização das construções, que já é realidade onde existem quantidade e repetições.
Os custos com acabamento no segmento també, são relativamente simples e bem menores que no alto padrão. Assim, “a estrutura é mais impactante, e é onde precisa haver mais racionalidade e eficiência. Os materiais precisam ser mais enxutos, apresentar maior rentabilidade e competitividade”, resume Davidson Deana, consultor da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).
A construção convencional, com pilares e vigas de concreto moldado in loco e fechamento com alvenaria, está praticamente desaparecendo nesse segmento. Diferentemente do alto padrão, que conta com unidades com grandes vãos e necessita de flexibilidade para o usuário, a tipologia econômica é mais compacta e não costuma apresentar muitas possibilidades de variação para o usuário.
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Paredes de concreto moldadas in loco
Muito utilizadas nas décadas de 1970 e 1980 no Brasil, as paredes de concreto moldadas in loco se tornaram novamente uma boa alternativa tecnológica para atender ao boom das habitações econômicas. Segundo especialistas, o sistema é recomendado para empreendimentos que tenham alta repetitividade, necessidade de padronização e rapidez na construção.
“No nosso cenário, três tecnologias têm sido mais utilizadas para habitações econômicas: alvenaria estrutural, pré moldado e paredes de concreto moldadas in loco”, afirma Ary Fonseca Júnior, consultor de paredes de concreto da ABCP. “Dentro dessa linha, a parede de concreto é um dos sistemas com melhor performance e aceitação no mercado”, conclui. Entre as construtoras que utilizam o sistema atualmente, estão a Tenda, Bairro Novo, Direcional e Homex.
De acordo com Paulo Flaquer Filho, diretor de Construção da Regional Rio de Janeiro da Bairro Novo, algumas vantagens do sistema são: potencial de industrialização, velocidade de construção, confiabilidade técnica, baixa geração de resíduos e custo competitivo. “A concepção do modelo de negócio da Bairro Novo sempre teve como foco produtos voltados ao segmento econômico com todos os atributos de qualidade dos empreendimentos de média e alta renda, com elevado nível de industrialização, velocidade de construção e confiabilidade técnica. Com isso, desde sua fundação, em 2007, inúmeros processos construtivos foram analisados e o de paredes de concreto foi o que mais se adequou às premissas adotadas pela empresa”, explica o executivo.
As paredes de concreto podem ser moldadas com o uso de fôrmas de madeira, metálica e alumínio, sendo esta última opção mais adotada nas empresas atualmente. “A fôrma de alumínio gera menos entulho e tem melhor condição de custo e de reutilização no tempo, o que é seu grande diferencial”, acredita Marcelo Souza, diretor de Planejamento da Tenda.
Por ser inovador, a execução do sistema segue diretrizes do Sinat (Sistema Nacional de Avaliações Técnicas), do PBQP-H (Porgrama Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat), mas deve ganhar uma norma técnica na ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) no próximo ano. “O grupo de concreto da ABCP vem discutindo há algum tempo a normatização do processo, e o texto-base da norma deve ficar pronto ainda em 2010. A idéia é que a normativa entre em vigor no final de 2011”, conta Ary Fonseca Júnior.