A montagem de andaimes deve ser executada com projeto e planejamento minucioso para evitar acidentes.
Imagine que você quer revitalizar a fachada de uma construção e que, para tal atividade, você precise alcançar espaços altos e muitas vezes inacessíveis. Arriscar a vida tentando revitalizar a fachada pela parte interna da edificação, a partir de aberturas nas paredes, parece não ser uma boa ideia. Como solução para esse problema, foram criadas estruturas provisórias capazes de permitir o alcance de pessoas a partes, antes inacessíveis da construção, de forma segura e muito mais eficiente. Com o final da segunda grande guerra mundial, grande parte do continente europeu precisava de uma reconstrução rápida e eficiente. Cidades inteiras precisavam ser reconstruídas e interligadas com pontes e estradas, e a reconstrução demandaria grande parte dos recursos e tecnologias. As grandes obras de engenharia civil avançaram em volume e em tecnologia, surgindo assim os primeiros sistemas tubulares reutilizáveis, que permitiam uma construção padronizada e de forma rápida.
Um dos equipamentos mais conhecidos nas obras, os andaimes, são normalmente utilizados como uma estrutura provisória que permite o acesso de outros equipamentos e pessoas a diversas partes do contorno da obra, seja na fase de construção ou na manutenção de uma estrutura. Em sua concepção, o projetista deve planejar a modelagem do andaime a fim de permitir a execução de atividades de forma segura, tanto para os usuários diretos, quanto para os colaboradores do entorno da estrutura. Dentre o amplo universo de suas aplicações, esse equipamento possui grande emprego no acabamento ou na revitalização de fachadas, e sua montagem e utilização deve ser realizada conforme alinhamento com as normas técnicas e de segurança, como a ABNT NBR 6494 e a NR 18.
A estrutura de andaimes é constituída de torres com plataformas de trabalho, montadas e moldadas conforme geometria e paginação da edificação. Os andaimes são necessários para a realização de diversas atividades, como: pinturas, colocação de revestimento e serviços de manutenção predial. A montagem de andaimes tubulares de grande altura (estruturas formadas por tubos metálicos que, quando combinados, conferem equilíbrio à plataforma apoiada nesses tubos), requer a aplicação de uma série de cuidados para garantir a segurança dos trabalhadores e a produtividade das frentes de trabalho.
No passado, era muito comum a montagem desse tipo de equipamento sem qualquer projeto, seguindo apenas a experiência dos montadores, processo que era muito perigoso pois não conferia nenhum tipo de atestado de segurança da estrutura. Mas com a entrada em vigor da NR-18, norma regulamentadora do Ministério de Trabalho, isso já não é mais permitido. O texto presente na norma exige que os andaimes, independentemente da altura, devem ser dimensionados por profissional legalmente habilitado, com registro no CREA, e seus projetos devem ser acompanhados pela respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).
Para assegurar a estabilidade do conjunto, o projeto deve detalhar os processos de montagem, utilização e desmontagem, deixando explícito quais são os limites da utilização do equipamento.
NORMAS TÉCNICAS
Tanto a montagem quanto o uso do andaime devem atender às normas regulamentadoras, especialmente a NR 18 e a ABNT NBR 6494, que trata da Segurança nos Andaimes. A NR-18 lista todos os quesitos que o andaime deve seguir para garantir a segurança dos seus usuários, como pontos e modos de fixação, altura e cargas do guarda-corpo e contramedidas, como linhas de vida (elemento de ligação que conecta o cinto do trabalhador e a ancoragem da estrutura civil) e seus acessos. Já a NBR 6494, regulamenta a fabricação dos componentes desse tipo de equipamento.
Ao longo de décadas, os andaimes evoluíram para atender as exigências das normas de segurança e a demanda por maior produtividade nas obras. Hoje, as estruturas contam com componentes mais leves e resistentes, além de engates rápidos que agilizam o processo de montagem e desmontagem. Os andaimes devem ser dimensionados e construídos para suportar, com segurança, as cargas de trabalho às quais estarão sujeitos. Essas solicitações são discriminadas e detalhadas em normas, como a NBR 15696, norma que fala de fôrmas, acessos e escoramentos, e que apresenta considerações para cargas variáveis de tráfego de pessoas, máquinas e ferramentas, além da existência de esforços horizontais e cargas dinâmicas
PROJETO DE ANDAIME
O projeto de um andaime pode ser feito por um profissional ligado à empresa contratante do andaime, pela empresa que executa a montagem ou ainda por empresa ou profissional terceirizado qualificado. Mas a prática mais comum é de a empresa que fornece o equipamento também elaborar o projeto de montagem.
O trabalho deve esclarecer todos os processos de montagem, utilização e desmontagem, além de apontar os limites de utilização dos equipamentos. Para sua elaboração, é necessário que o projetista tenha acesso a uma série de informações, como: quantidade de níveis de plataformas de trabalhos utilizados de forma simultânea, altura e localização do andaime para determinação das cargas randômicas do vento, pontos de ancoragem ou travamento externo, pontos de acesso e rotas de saída. Uma característica marcante dos andaimes são os encaixes simples, mas isso não significa que sua montagem não deva ser precedida de muito planejamento. O projeto de montagem precisa especificar claramente as cargas para as quais o equipamento foi dimensionado, levando em conta fatores como: peso próprio, carregamentos de uso e ocupação e cargas randômicas do vento. De modo geral, considera-se um bom projeto de andaime aquele que dispõe de plantas, vistas, cortes, e detalhes técnicos que definam, de forma simples, os encaixes, o posicionamento de elementos estruturais, o dimensionamento das peças, as cargas adotadas, os pontos de amarração e a sequência de montagem do andaime, assegurando, assim, uma montagem mais eficiente.
MONTAGEM COM SEGURANÇA
As principais falhas na montagem de andaimes costumam ter início ainda na preparação das bases de apoio, que devem ser rígidas e niveladas o suficiente para receber as cargas, evitando o recalque da estrutura e a perda do prumo. Quando o solo ou a base não forem capazes de suportar as cargas previstas no projeto, deve ocorrer a troca do solo ou a execução de base, ressaltando que não é recomendado o apoio de estruturas de carga em solos moles ou argilosos de baixa consistência. A fixação do andaime a uma estrutura externa vai garantir o trânsito seguro dos usuários entre a edificação e a plataforma do andaime, garantindo rigidez e resistência a esforços que promovem o arrancamento e desalinho do fachadeiro, como as ações do vento, ou combatendo fenômenos de flambagem global em faces de menor inércia.
Durante o uso de qualquer tipo de andaime, o principal risco é a queda do trabalhador e de materiais. Para minimizar tais acidentes, é fundamental a colocação de tela para proteção, assim como peças ou ferramentas de grande manuseio devem possuir local de fixação adequado. O uso dos cintos com talabarte é obrigatório e deve estar bem fixado a um cabo de vida instalado na estrutura do edifício, atendendo a obrigatoriedade e o cumprimento das normas regulamentadoras sobre trabalho em altura.
Os trabalhadores que usarão o andaime precisam receber treinamento específico e qualquer trabalho realizado pelos operários sobre os andaimes deve ser feito com equipamentos de proteção individuais (EPIs). A segurança no trabalho não é apenas para cumprir a legislação, mas também para garantir a saúde e o bem-estar da equipe. Evitando ou mitigando os riscos de queda de pequenos componentes e peças que podem causar ferimentos no montador ou a terceiros.
Contribuição técnica de Miguel Costa, Coordenador Técnico da SH em Parceria com Minerva Civil UFRJ.
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