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Sustentabilidade no canteiro de obras

Prevenção e mitigação dos impactos ambientais causados pelas atividades da construção civil

É sabido que as atividades da construção civil são responsáveis por grandes impactos negativos no meio ambiente, devido ao consumo representativo de recursos naturais, à geração de resíduos e às modificações físicas causadas no terreno e seu entorno. Por isso, para a sustentabilidade de uma edificação, é necessário implantar medidas nos canteiros de obras para a redução dos impactos e do desperdício de materiais.

Muitas vezes negligenciado pelas construtoras, o canteiro de obras é fundamental para a eficiência técnica e financeira de uma edificação em construção. Embora as vantagens do planejamento adequado do canteiro sejam mais visíveis no caso de obras de maior complexidade, seus benefícios quanto ao aproveitamento de recursos e materiais e redução do desperdício são aspectos comuns a todas as construções, devendo as recomendações envolvendo sustentabilidade serem implantadas universalmente.

O planejamento das etapas da construção deve ser elaborado considerando seus impactos no leiaute do canteiro, tais como áreas de circulação, movimentação de equipamentos e funcionários, área de armazenagem de materiais e de resíduos gerados pela obra. Além disso, é fundamental que seja elaborado um Plano de Sustentabilidade Ambiental, de modo a prever as diferentes fases da construção, o treinamento dos colaboradores e a atribuição das responsabilidades.

No Plano de Sustentabilidade Ambiental para o canteiro do empreendimento devem ser observados aspectos como:

– efeitos provenientes de atividades envolvendo a movimentação e o descarte de solo, erosão, sedimentação e assoreamento de cursos d’água;

– geração de poeira e poluição do ar;

– interferências na fauna e flora local, como, por exemplo, supressão da vegetação;

– contaminação do solo e de cursos d´água;

– geração de ruído e de vibração;

– impactos no tráfego local, no entorno e na vizinhança.

Uma vez identificados os impactos críticos pertinentes a uma determinada obra, é necessário determinar as estratégias de prevenção; bem como avaliar as potenciais fontes de poluição relevantes, que possam prejudicar a qualidade do ar, das águas descartadas e do solo.

Uma providência pertinente é prever sistemas de drenagem de águas pluviais provisória, com indicação das soluções para retenção e remoção de resíduos sólidos, sedimentos e poluentes, antes de seu lançamento na rede pública.

Também recomenda-se coletar informações sobre qualidade da água presente no terreno, incluindo pontos de destinação para onde deve escoar a água ou o seu aproveitamento (tais como: lava-rodas, lava-bicas e sistema de irrigação).

Nos acessos do canteiro de obras, é recomendável que sejam previstos gradis junto à via de circulação de veículos, para evitar a circulação e a contaminação do solo devido a resíduos e sujeiras impregnadas nos mesmos.

Como forma de evitar a propagação de poeira, uma prática eficiente é a aspersão de água, processo que deve priorizar a utilização de água de reúso.

O controle dos fluxos de circulação deve ser elaborado, inclusive considerando a instalação de placas de sinalização indicando saídas, acessos, vias de circulação de veículos e limites de velocidade. Todos os acessos ao canteiro de obras que envolvam a circulação devem ser estabilizados com brita, piso de concreto, ou materiais similares.

Outro aspecto importante para a redução dos impactos ambientais negativos do canteiro é a gestão dos materiais. O local de produção de materiais em obra (por exemplo: argamassa, concreto) deve ser isolado do contato direto com o solo. Produtos químicos e derivados de petróleo devem ser estocados em local seguro contra vazamentos, de modo a evitar o contato direto com o solo. Para casos de contaminação, deve ser definido um procedimento de emergência, em caso de detecção de focos de contaminação. Produtos tóxicos e perigosos devem ser armazenados em áreas de estocagem impermeáveis, corretamente dimensionadas e capazes de reter eventuais vazamentos. Além disso, procedimentos de conferência e armazenamento adequados contribuem para a redução de perdas.

Materiais potencialmente sujeitos à dispersão pela ação dos ventos e das chuvas, como a areia e a brita, e potencialmente geradores de poeira, devem ser armazenados em locais cobertos e ao abrigo dos ventos e das chuvas.

A gestão das águas pluviais também é crítica para o controle dos impactos ambientais do canteiro. Para tal, é necessário instalar proteção física nas beiradas do talude onde as atividades de construção estão ocorrendo, a fim de evitar o carreamento de sedimentos para o sistema de drenagem pluvial do terreno e, consequentemente, para áreas vizinhas.

Quanto à estabilização do solo e proteção de encostas e taludes, deve ser elaborado um planejamento das atividades de construção, para que as áreas nas quais a camada superficial foi removida não fiquem expostas e sem atividades por longos períodos. Nas áreas sujeitas a cortes e aterros com solo exposto, deve ser providenciada proteção, por meio do plantio de vegetação temporária ou da instalação de lonas ou mantas geotêxteis.

Também o entorno do canteiro deve ser mantido em condições adequadas de limpeza. Assim, ruas e calçadas sujas pelas atividades de obra devem ser imediatamente limpas, a fim de evitar a propagação dos sedimentos e resíduos.  Caminhões contendo solo, brita ou entulhos precisam ser cobertos com lona plástica para evitar a dispersão de sedimentos em vias públicas. Além disso, o perímetro da obra deve ser protegido para evitar o escoamento de sedimentos.

Para o controle de poluentes, equipamentos movidos a gasolina ou a diesel devem ser operados somente em área ventilada. Além disso, especificar materiais de acabamento com índice de compostos orgânicos voláteis (COV) controlado. O armazenamento de produtos químicos deve ser feito em local ventilado e com as embalagens identificadas e tampadas imediatamente após o uso.

Finalmente, os materiais absortivos precisam receber cuidados para seu armazenamento, de modo a evitar que sejam expostos à umidade e a poluentes.

Medidas simples, como a proteção de bueiros, conferem eficiência à obra
(crédito: Libercon)

Gestão Ambiental de Resíduos da Construção Civil

Um dos principais aspectos de um sistema de gestão de sustentabilidade para o canteiro é o gerenciamento dos resíduos da construção civil (RDC). Para tal, é necessário manter a segregação dos resíduos gerados e manter a organização e a limpeza do canteiro de obras, de modo a possibilitar a reciclagem dos materiais.

Para a redução das perdas e para que se evite a pressão sobre os aterros sanitários resultante do descarte de resíduos, é pertinente adotar soluções para sua reciclagem e, quando possível, o reaproveitamento de materiais, tanto no próprio canteiro quanto por meio da adoção de logística reversa, quando o material é reencaminhado novamente para o processo industrial.

Também deve ser prevista, delimitada e identificada no planejamento do canteiro uma área designada para a armazenagem temporária dos resíduos de obra. O transporte e encaminhamento deve ser feito apenas por empresas licenciadas pelos órgãos competentes, devendo ser emitido para cada viagem efetuada um comprovante de transporte e destinação de solo ou um controle de transporte de resíduos . Todo tipo de resíduo gerado na obra deve ser armazenado e descartado conforme a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), a qual dispõe sobre triagem, acondicionamento, transporte e destinação (CONAMA, 2002).

Além disso, Resíduos sólidos perigos precisam ser identificados, armazenados e descartados de acordo com a NBR 12.235: Armazenamento de resíduos sólidos perigosos (ABNT, 1992).

É necessário preservar cursos d´água, galerias pluviais e bueiros, não devendo ser feita armazenagem de resíduos próxima a estes elementos.

Resíduos perigosos precisam ser acondicionados separadamente, em locais ventilados e protegidos de intempéries, de modo a evitar que reajam entre si.

Também deve ser objeto de planejamento a desmobilização correta das instalações provisórias, de modo a permitir a desconstrução de seus componentes e a recuperação das áreas ocupadas.

Para o sucesso do sistema de gestão de resíduos, é necessário que sejam adotadas medidas para o controle da destinação dos resíduos da obra, monitorando e registrando as quantidades que foram encaminhadas para reciclagem. O maior volume possível de resíduos deverá ser reutilizado ou reciclado, evitando assim impactos em aterros e sistemas de incineração. Se não for possível o reúso, deve ser avaliada a possibilidade de encaminhar o material novamente ao processo industrial, por meio da prática da logística reversa.

Gestão de resíduos no canteiro de obras – o caso da Arena Castelão

Como um exemplo da gestão sustentável de resíduos da construção civil, podemos avaliar as estratégias implantadas na Arena Castelão, em Fortaleza, cuja consultoria para a certificação LEED esteve a cargo da OTEC. O projeto obteve 97% de aproveitamento na gestão de resíduos da construção civil.

Aproximadamente 1/4 do anel do estádio, identificado como setor 3, foi demolido. É nesta parte que estão os vestiários, áreas de imprensa e áreas VIP. O estádio também é constituído por 2 lances de arquibancadas. O lance inferior foi totalmente demolido para alteração na inclinação para melhoria na visibilidade do público. O campo também teve que ser rebaixado com o mesmo intuito. O resíduo proveniente da demolição de estruturas e alvenarias foi triturado e encaminhado ao aterro da área de estacionamento

Abaixo as principais destinações dadas aos resíduos da construção civil gerados pela obra.

Tipo de material – destinação

Sobras de gesso acartonado – fabricação de nervuras de forro acartonado Gypsum aramado (FGA)

Chapas de vidro – reúso

Resíduos da construção civil classe A (entulho) – aterro da área de estacionamento da Arena Castelão e de outros empreendimentos imobiliários

Madeira – reúso, reciclagem (reformas de pallets e elaboração de estrutura de sofás para baixa renda) e utilização como biomassa e fabricação de brikets

Plásticos – reciclagem

PVC – reciclagem

PET – reciclagem

Papel e papelão – reciclagem

Componentes de hidráulica – reúso

Gradis – reúso

Longarinas das arquibancadas – reúso em outros estádios

Revestimentos acústicos – reúso no auditório da Secretaria dos Esportes

Blocos intertravados – reúso na Academia Estadual de Segurança Pública de Fortaleza

Cadeiras de fibra de vidro – reúso em outros estádios
Por isso, é necessário que haja conscientização, por parte das incorporadoras e construtoras, quanto à importância de que o Plano de Sustentabilidade seja elaborado e colocado em prática anteriormente ao início das atividades de terrapleno.Uma dificuldade comum observada nos canteiros é relacionada à equipe de terrapleno, usualmente a primeira a entrar na obra e frequentemente desvinculada das demais atividades do canteiro. Trata-se de um processo crítico, se considerarmos o impacto ambiental das atividades desta fase no entorno, em áreas de preservação e em cursos d’água, devido à elaboração de cortes e aterros e às dimensões das áreas sujeitas à movimentação de terra.
Embora fundamental para a eficiência da obra, a implantação efetiva dos critérios de sustentabilidade apresenta desafios e, em alguns casos, mudança de mentalidade quanto às práticas adotadas pela indústria da construção civil.
Desafios para a gestão sustentável do Canteiro
O alto índice de reciclagem obtido nesse caso permite que sejam pleiteados os dois pontos do crédito MRc 2 da certificação LEED para novas construções e mais um ponto por desempenho exemplar.

Também é necessário designar responsáveis pelo gerenciamento do programa e oferecer treinamento à mão-de-obra do canteiro sobre a triagem e o manejo adequado dos resíduos, bem como estabelecer uma rotina diária de limpeza e fiscalização. Para tal, é pertinente adotar um Programa de Educação Ambiental destinado à informação e ao treinamento dos operários da construção civil, no qual serão abordados no mínimo os seguintes temas: consumo consciente, gestão de resíduos, reciclagem, consumo de recursos naturais, água e energia, qualidade do ar, entre outros. O treinamento deve se dar de forma contínua, pois, conforme a obra evolui, novas equipes são incorporadas ao canteiro e precisam de treinamento, orientação e supervisão.

Além disso, equipes terceirizadas também devem ser envolvidas no plano de sustentabilidade e receber treinamento e supervisão para assegurar o impacto ambiental reduzido de suas atividades.

Ana Judite G. Limongi França

 Diretora Técnica da OTEC – Otimização Energética para a Construção Ltda

Referências Bibliográficas

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. NBR 12.235: Armazenamento de resíduos sólidos perigosos. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.

BLUMENSCHEIN, Raquel Naves. Manual técnico: gestão de resíduos sólidos em canteiros de obras. Brasília: SEBRAE, 2007.

Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Resolução 307. DOU nº 136, de 17/07/2002, págs. 95-96.

PINTO, Tarcisio de Paulo (coord.). Gestão ambiental de resíduos da construção civil: a experiência do SindusCon-SP. São Paulo: SindusCon-SP, 2005.

SAURIN, Tarcisio Abreu; FORMOSO, Carlos Torres (eds.). Planejamento de canteiros de obra e gestão de processos. Recomendações Técnicas Habitare. Volume 3. Programa de tecnologia da habitação. Porto Alegre: ANTAC, 2006.

UNITED STATES GREEN BUILDING COUNCIL. LEED-NC Reference Guide (Leadership in Energy and Environmental Design for New Construction and Major Renovation) – V.2009. Sustainable Building Technical Manual. Elaboração: US Green Building Council, 2009.

Fonte: http://www.engenhariaearquitetura.com.br/noticias/1012/Sustentabilidade-no-canteiro-de-obras.aspx 

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