A construção civil é um dos setores líderes em acidentes de trabalho pelo mundo. No Brasil, o número de acidentes aumentam acompanhando o crescimento do mercado.
Nossa Técnica de Segurança do Trabalho e Engenheira Ambiental da SH Indústria (SHI), Cíntia Ferreira, explica as ações realizadas com os colaboradores da SH e SHI para prepará-los em suas respectivas atividades. A disciplina e a conscientização, segundo a engenheira, são fundamentais para manter a segurança dentro dos canteiros.
Além de ser graduada pela Faculdade Gama Filho como Engenheira Ambiental e Sanitária, Cintia Ferreira também é formada como Técnica de Segurança do Trabalho pelo Centro de Tecnologia Aplicada, ambos no Rio de Janeiro. Começou na SH como Técnica de Segurança e hoje acompanha o dia a dia de 45 colaboradores realizando treinamentos e fiscalizando a segurança dentro da nossa fábrica. Atualmente, Cintia cursa uma Pós Graduação em Engenharia de Segurança do trabalho na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.
1- A construção civil representa um dos setores de maior risco no mundo. Os países estão investindo em normas e fiscalização para mudar o alto índice de acidentes e mortes. Você acredita que as Normas Reguladoras brasileiras abrangem todas as necessidades de segurança?
Sim. Atualmente, temos 36 Normas Regulamentadoras (NR) divididas em setores industriais, agrícolas, navais e construção. Uma complementando a outra em áreas distintas. Por exemplo, a NR que embasa a construção civil é a NR 18, mas não tem como um fiscal utilizá-la se não estiver agregada a NR 27, que trata de fiscalizações e penalidades. O mesmo ocorre com a NR 24, que fala sobre as condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho, ou seja, as normas se complementam.
A legislação Brasileira é bem completa. Foi desenvolvida para setores específicos e vem adaptando-se a uma realidade de Risco Potencial, visando a necessidade de uma segurança mais completa. Diferentemente das Diretrizes SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde) de outros países, que generalizam os riscos devido as atividades.
2- Você percebe um endurecimento na fiscalização diante do aumento do número de obras e empresas?
Não. Na realidade, percebo um certo despreparo dos fiscais em sua grande maioria. Trabalho com segurança e fiscalizações há oito anos e apenas dois, de todos os fiscais que me fiscalizaram, realmente conheciam a norma e usavam coerência em seus questionamentos sobre a empresa. Infelizmente, no Brasil não existe uma legislação para fiscalizar ou verificar se o que foi solicitado, exigido ou autuado pelo fiscal está dentro da norma. As empresas nem sempre contam com profissionais habilitados para receber fiscalizações em canteiros de obra. Geralmente, o mestre de obras ou o engenheiro responsável recebem o fiscal, e como não é uma exigência eles entenderem de legislação, acaba dificultando a fiscalização adequada com as normas e a realidade do canteiro.
3- Quais são os principais riscos apresentados pelos equipamentos da SH e como prevenir?
A SH desenvolve e fabrica formas de alumínio como Lumiform SH®, estruturas de aço como Concreform SH® e a nossa linha de Andaimes. Os principais riscos apresentados por estes equipamentos é a altura, cortes e esmagamento dos dedos na montagem das formas. Nosso trabalho de prevenção começa com a disponibilidade e o treinamento para o uso de todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Os EPIs são adequados a cada função e devidamente testados e aprovados pelo Ministério do Trabalho e do Emprego. Oferecemos treinamentos específicos em altura e conscientização sobre os riscos das atividades, habilitando nossos colaboradores a desenvolverem seu trabalho com segurança.
4- Como e com que frequência é realizado a capacitação dos nossos colaboradores?
Os colaboradores da SH cumprem uma programação rigorosa de treinamentos. Toda atividade desenvolvida pelo Ajudante de Produção, Operador de Máquina, Soldador, Empilhador, Assistente Técnico e etc, requer um cuidado especial. Na admissão, eles recebem a integração de SMS, logo após passa por um treinamento do líder de setor com a supervisão do Encarregado. A cada 90 dias, eles passam por outro treinamento de acordo com os riscos da função. Por exemplo, o assistente técnico visita canteiros de obras e além do treinamento padrão de EPIs eles também recebem treinamento em altura.
5- Como lidar com a resistência dos funcionários em usar os EPIs e seguir os procedimentos corretamente? Que tipo de ações conscientizam melhor quanto aos riscos?
Os EPIs podem incomodar de acordo com as atividades e gerar resistência. A SH trabalha na conscientização e disciplina do funcionário. O uso do EPI é indispensável para o bem estar da equipe, por isso, nós reforçamos os treinamentos internos da SH. São enfatizados a necessidade da proteção contra um risco real, potencial e eminente, focando tudo quanto o colaborador pode vir a perder se acidentando por imprudência.
Através do trabalho, os colaboradores proporcionam uma melhor condição de vida para ele e a sua família. Quando ele deixa de se proteger, está pondo em risco seu crescimento pessoal, profissional, suas conquistas e o bem estar dos seus dependentes. Deixamos claro que o único que pode acabar com os nossos sonhos, somos nós mesmos. Se ele não se protege e resiste em se proteger, ele não está dando valor a sua vida, e não existe nada que compense a perda total ou parcial de uma vida.