O cimento é um produto perecível, portanto é preciso estar atento com os cuidados necessários durante o seu transporte e armazenamento, para conservação de suas propriedades, pelo maior tempo possível, no depósito ou no canteiro de obras. A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) preparou algumas dicas sobre o tema seguindo as normas prescrita pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Durante o transporte, os sacos devem ser protegidos, por meio de lonas de cobertura e bem acondicionados para evitar rasgos, mas é na armazenagem que a atenção deve ser redobrada. “A estocagem correta do produto é fundamental não só para impedir a perda do produto, mas, principalmente, para evitar alterações das características e propriedades do produto (pega e perda de resistência), o que pode afetar as estruturas e levar a acidentes”, afirma Arnaldo Battagin, técnico responsável pelos laboratórios da ABCP.
O cimento é embalado em sacos de papel kraft de múltiplas folhas. Trata-se de uma embalagem usada no mundo inteiro, sendo adequada para o transporte e para aplicação rápida. Além disso, o saco de papel é o único que permite o preenchimento com o material ainda bastante aquecido, por ensacadeiras automáticas imprescindíveis ao atendimento do fluxo de produção (ao contrário de outros tipos de embalagem já testados, como a de plástico). Mas o saco de papel, apesar de todo o cuidado e adequação da embalagem, não impede a ação direta da água.
“Se o cimento entrar em contato com a água durante o transporte inadequado, sem proteção da chuva, por exemplo, ou durante a estocagem, ele vai empedrar ou endurecer antes do tempo, inviabilizando sua utilização na obra, fábricas de pré-moldados e artefatos de cimento, etc”, explica Arnaldo.
A água é o maior aliado do cimento na hora de elaborar as argamassas e os concretos e depois da obra pronta por ocasião das operações de cura. Mas é o seu maior inimigo antes da aplicação. Portanto, é preciso evitar a todo custo que o cimento estocado entre em contato com a água. A água não vem só da chuva, de uma torneira ou de um cano furado; também se encontra, sob forma de umidade, no ar, na terra, no chão e nas paredes.
Por esse motivo, o cimento deve ser estocado em local seco, coberto e fechado, bem como afastado do chão, do piso e das paredes externas ou úmidas, longe de tanques, torneiras e encanamentos, ou pelo menos separado deles.
Dica
Recomenda-se iniciar a pilha de cimento sobre um tablado de madeira, montado a pelo menos 30 cm do chão ou piso e não formar pilhas maiores do que 10 sacos. Quanto maior a pilha, maior o peso sobre os primeiros sacos da pilha. Isso faz com que seus grãos sejam de tal forma comprimidos que o cimento contido nesses sacos fique quase endurecido, sendo necessário afofá-lo de novo, antes do uso, o que pode acabar levando ao rompimento do saco e à perda de boa parte do material. A pilha recomendada de 10 sacos também facilita a contagem, na hora da entrega e no controle dos estoques ou na aplicação final e está prescrita pelas normas da ABNT.
É recomendável utilizar primeiro o cimento estocado há mais tempo, o que evita que um lote fique estocado por tempo excessivo, já que o cimento, bem estocado, é próprio para uso por três meses, no máximo, a partir da data de sua fabricação Toda sacaria estampa a data de fabricação, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor.
Nas regiões de clima frio, a temperatura ambiente pode ser tão baixa que ocasionará um retardamento do início de pega. Para que isso não ocorra, convém estocar o cimento em locais protegidos de temperaturas abaixo de 12ºC.
Fabricação
A fabricação do cimento processa-se rapidamente. O clinquer de cimento Portland sai do forno a cerca de 80ºC, indo diretamente à moagem, ao ensacamento e à expedição, podendo, portanto, chegar à obra ou depósito com temperatura de até 60ºC. Não é recomendável usar o cimento quente, pois isso poderá afetar a trabalhabilidade da argamassa ou do concreto com ele confeccionados. Deve-se deixá-lo descansar até atingir a temperatura ambiente e, para isso, recomenda-se estocá-lo em pilhas menores, de cinco sacos, deixando um espaço entre elas para favorecer a circulação de ar, o que fará com que eles se resfriem mais rapidamente.
Cimento comprometido
Tomados todos os cuidados na estocagem adequada do cimento para alongar ao máximo sua vida útil, ainda assim alguns sacos de cimento podem estragar. Às vezes, o empedramento é apenas superficial. Se esses sacos forem tombados sobre uma superfície dura e voltarem a se afofar, ou se for possível esfarelar os torrões neles contidos entre os dedos, o cimento desses sacos ainda se prestará ao uso normal.
Caso contrário, ainda se pode tentar aproveitar parte do cimento, peneirando. O pó que passa numa peneira de malha de 5 mm (peneira de feijão) pode ser utilizado em aplicações de menor responsabilidade, tais como pisos, contrapisos e calçadas, mas não deve ser utilizado em peças estruturais, já que sua resistência pode ter ficado comprometida.