A organização do canteiro de obra é fundamental para evitar desperdícios de tempo, perdas de materiais, defeitos de execução e falta de qualidade final dos serviços realizados. A NR (Norma Regulamentadora) 18, elaborada em conjunto por construtoras, trabalhadores e governo, visa estabelecer diretrizes e exigências diversas para a organização de um canteiro. Mas, na maioria das vezes, essa organização é deixada para o momento em que os insumos e pessoal começam a chegar na obra, o que sempre causa muita confusão e retrabalho. Sem contar que há sempre o risco de acidentes ou danos aos equipamentos, e que, quando não se sabe onde as coisas estão, a possibilidade de roubo e/ou perda é muito grande. Confira algumas orientações de que não se deve esquecer ao planejar e/ou coordenar serviços em um canteiro:
• Faça uma planta da área disponível;
• Faça uma lista dos equipamentos, insumos, e áreas de trabalho dentro do canteiro (banheiros, escritório, almoxarifado, sala de reunião e etc);
• Faça uma lista das necessidades prioritárias de ocupação na obra com datas de entrada no canteiro e saída. Assim, só é colocado no canteiro o que será necessário no momento específico de utilização. Mesmo que haja espaço de sobra, não leve todos os equipamentos e insumos de uma só vez. O risco de perda, dano ou até que o produto se estrague é grande. Não vale a pena;
• Faça um desenho de como será a entrada de caminhões na obra, como será o trânsito e as rotas de tráfego no interior da obra. Lembre-se de que os caminhões podem ser descarregados pelas laterais e por trás;
• Faça a locação de gruas e outros equipamentos sempre buscando o melhor raio de giro e operação dos mesmos. Demande bastante tempo para isto, pois não é raro ver mudanças de posição em gruas porque a demanda para equipamento não foi prevista com perfeição, gerando a necessidade de reposicionamento. No final, acaba-se por perder dinheiro e o que é pior: tempo. Cada dia de atraso na estrutura é mais um dia para a entrega da obra;
• Uma maneira interessante de distribuir estas ocupações é desenhar em escala cada uma delas, recorta-las e distribuí-las sobre a planta baixa da área. Desta forma, tem-se uma visão mais precisa dos espaços que podem ser utilizados e disponibilizados;
• Estude a possibilidade de locação de containeres para escritórios e banheiros. São fáceis de instalar e depois não há necessidade de demolição, como acontece com alvenaria e madeira;
• Após o layout pronto, a obra é iniciada. Mas atente para as demolições a serem feitas. Veja se toda a documentação está em ordem e se não for expert no assunto, procure ajuda. Há empresas prontas para prever um plano de demolição e ainda aproveitar parte do que será demolido. Não se esqueça de que os detritos oriundos da demolição têm que ser destinados legalmente;
• Cuidado com os vizinhos. Isto pode ser um problema. Procure trabalhar em horários comerciais, evite domingos e use máquinas e equipamentos que façam pouco barulho e fumaça;
• Se precisar remover árvores, muito cuidado também. Há legislação específica para este procedimento. Não se pode retirar árvores sem autorização da Prefeitura;
• Não se esqueça do plaqueiro da obra com as informações exigidas por lei e das documentações que a obra deve ter para o funcionamento;
• Prever um correto sistema para esgotamento de águas servidas da obra, por rede pública ou por instalações provisórias, como fossas sépticas e caixas de gordura;
• Verifique se há alguma rede de energia, água ou gás passando pela obra. Isto evitará transtornos por conta da ruptura destes tubos;
• Mantenha limpas e em bom estado de conservação as construções provisórias e os fechamentos;
• Adote soluções para os tapumes que causem o menor impacto visual e que evitem o grafitismo e a colocação de cartazes por terceiros;
• Coloque aberturas translúcidas nos tapumes de modo que se possa acompanhar a evolução dos serviços pelo exterior, informando e tranquilizando a vizinhança;
• Dê atenção ao(s) portão(ões) de acesso à obra (posição, tamanho, acesso, etc.), sobretudo por questão de segurança;
• Cuide para que as placas de informações técnicas e propagandas fixadas nos limites da obra causem o menor impacto visual à vizinhança;
• Muito cuidado em dias de concretagem para não causar transtornos aos vizinhos. Concrete em horários que sejam mais convenientes para o trânsito local e para a vizinhança. E não permita a lavagem do caminhão no bairro. Somente em local apropriado;
• Cuidado com a parte elétrica. Gambiarras, fios soltos e desencapados são um convite para acidentes. Proteja os fios e sinalize o perigo de choque e/ou curto circuito;
• Se possível, separe um local para estacionamento de visitantes;
• Reserve um local apropriado para a guarda de materiais, com proteção para chuva e que possa reter produtos como solventes, aditivos, combustíveis e etc em caso de vazamentos. Mantenha sempre as peças pequenas guardadas em caixas ou tambores. Elas são perdidas muito facilmente;
• Cuidado com os veículos que saem da obra. Eles não podem sujar as vias. Lave-os antes de sair da obra;
• Evite sujeira no canteiro. Sujeira e entulho tomam espaço na obra, causam doenças e deixam um péssimo aspecto. Mas cuidado ao descartar este entulho. Verifique se não há ferramentas e ou equipamentos misturados com o entulho.
Veja agora alguns tópicos que são mencionados na NR 18 sobre este assunto.
• Quanto às instalações elétricas (entrada provisória de energia).
As instalações elétricas provisórias de um canteiro de obras devem ser constituídas de:
a)chave geral do tipo blindada de acordo com a aprovação da concessionária local e localizada no quadro principal de distribuição.
b) chave individual para cada circuito de derivação.
c) chave-faca blindada em quadro de tomadas d) chaves magnéticas e disjuntores, para equipamentos especiais.
• Ventilação em locais confinados.
Nas atividades que exponham os trabalhadores a riscos de asfixia, explosão, intoxicação e doenças do trabalho devem ser adotadas medidas especiais de proteção, a saber:
a) treinamento e orientação para os trabalhadores quanto aos riscos a que estão submetidos, a forma de preveni-los e o procedimento a ser adotado em situação de risco.
b) nos serviços em que se utilizem produtos químicos, os trabalhadores não poderão realizar suas atividades sem a utilização de EPI adequado.
c) a realização de trabalho em recintos confinados deve ser precedida de inspeção prévia e elaboração de ordem de serviço com os procedimentos a serem adotados.
d) monitoramento permanente de substância que cause asfixia, explosão e intoxicação no interior de locais confinados realizado por trabalhador qualificado sob supervisão de responsável técnico.
e) proibição de uso de oxigênio para ventilação de local confinado.
f) ventilação local exaustora eficaz que faça a extração dos contaminantes e ventilação geral que execute a insuflação de ar para o interior do ambiente, garantindo de forma permanente a renovação contínua do ar.
g) sinalização com informação clara e permanente durante a realização de trabalhos no interior de espaços confinados.
h) uso de cordas ou cabos de segurança e armaduras para amarração que possibilitem meios seguros de resgate.
i) acondicionamento adequado de substâncias tóxicas ou inflamáveis utilizadas na aplicação de laminados, pisos, papéis de parede ou similares.
j) a cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores, 2 (dois) deles devem ser treinados para resgate.
k) manter ao alcance dos trabalhadores equipamento autônomo para resgate.
l) no caso de manutenção de tanques combustíveis, providenciar desgaseificação prévia antes da execução do trabalho.
• Fornecimento de agua na obra e alojamento :
É obrigatório no alojamento o fornecimento de água potável, filtrada e fresca, para os trabalhadores por meio de bebedouros de jato inclinado ou equipamento similar que garanta as mesmas condições, na proporção de 1 (um) para cada grupo de 25 (vinte e cinco) trabalhadores ou fração.
A falta de atenção com estes itens, pode trazer muitos problemas. Então, mãos à obra.
Texto escrito por Davi Ferreira, Engenheiro da empresa SH.