Cuidados no Reescoramento e Desforma: O assunto de hoje é bastante crucial, e exige muita dedicação e experiência para garantir bons resultados. Vamos lá…
O reescoramento, ou seja a retirada da fôrma e do escoramento de uma laje e/ou viga e a substituição por um escoramento reduzido, hoje é prática comum na execução de estruturas de concreto. Porém a importância do reescoramento tem sido, por vezes, subestimada, e a falta de conhecimento das normas e critérios para o dimensionamento gera um risco de problemas posteriores.
O reescoramento é necessário por dois motivos:
- Economia na execução da estrutura – O custo do reescoramento é cerca. 10% -15% do custo do escoramento com fôrma;
- Absorver cargas do escoramento da próxima laje, superiores às que a laje suporta – Uma laje de 15 cm de espessura, por exemplo, pesa aproximadamente 400 kg/m², a carga admissível de um piso residencial seria de somente 150 kg/m².
O dimensionamento do reescoramento deve visar:
- Absorver cargas que excedem a resistência do apoio;
- Evitar deformações (flechas) excessivas;
- Garantir qualidade do concreto, evitando fissuras e minimizando deformações lentas.
Algumas normas orientam a execução de reescoramento:
Durante a desforma, não se deve deixar cair livremente seções de formas. As mesmas devem ser antes escoradas e atracadas para que possam ser abaixadas com segurança. Não se deve permitir em nenhum caso, desformas prematuras. Quaisquer operações de desforma só podem ser iniciadas com autorização do responsável pela obra.
Nota: O endurecimento do concreto pode ser acelerado por meio de tratamento térmico ou pelo uso de aditivos que não cloreto de cálcio em sua composição e devidamente controlado, não se dispensando as medidas de proteção contra a secagem.
Cura e retirada de fôrmas e escoramentos
Enquanto não atingir endurecimento satisfatório, o concreto deve ser curado e protegido contra agentes prejudiciais para:
- Evitar a perda de água pela superfície exposta;
- Assegurar uma superfície com resistência adequada;
- Assegurar a formação de uma capa superficial durável;
Os agentes prejudiciais mais comuns ao concreto em seu início de vida são:
- Mudanças bruscas de temperatura;
- Secagem;
- Chuva forte;
- Água torrencial;
- Congelamento;
- Agentes químicos;
- Choques e vibrações de intensidade tal que possam produzir fissuras na massa de concreto ou prejudicar a sua aderência à armadura.
Retiradas das formas e do escoramento
Formas e escoramentos devem ser removidos de acordo com o plano de desforma previamente estabelecido e de maneira a não comprometer a segurança e o desempenho em serviço da estrutura.
Para efetuar sua remoção devem ser considerados os seguintes aspectos:
- Peso próprio da estrutura ou da parte a ser suportada por um determinado elemento estrutural;
- Cargas devidas a fôrmas ainda não retiradas de outros elementos estruturais (pavimentos);
- Sobrecargas de execução, como movimentação de operários e material sobre o elemento estrutural;
- Seqüência de retirada das fôrmas e escoramentos e a possível permanência de escoramentos localizados;
- Operações particulares e localizadas de retirada de fôrmas (como locais de difícil acesso);
- Condições ambientais a que será submetido o concreto após a retirada das fôrmas e as condições de cura;
- Possíveis exigências relativas a tratamentos superficiais posteriores.
Escoramentos e fôrmas não devem ser removidos, em nenhum caso, até que o concreto tenha adquirido resistência suficiente para suportar a carga imposta ao elemento estrutural nesse estágio, evitar deformações que excedam as tolerâncias especificadas, resistir a danos para a superfície durante a remoção.
A retirada das fôrmas e do escoramento só pode ser feita quando o concreto estiver suficientemente endurecido para resistir às ações que sobre ele atuarem e não conduzir a deformações inaceitáveis, tendo em vista o baixo valor do módulo de elasticidade do concreto (Eci) e a maior probabilidade de grande deformação diferida no tempo quando o concreto é solicitado com pouca idade. Para o atendimento dessas condições, o responsável pelo projeto da estrutura deve informar ao responsável pela execução da obra os valores mínimos de resistência à compressão e módulo de elasticidade que devem ser obedecidos concomitantemente para a retirada das fôrmas e do escoramento, bem como a necessidade de um plano particular (seqüência de operações) de retirada do escoramento.
Execução
No escoramento convencional, as escoras do reescoramento geralmente são posicionadas após da retirada (parcial) da fôrma. Isto gera os seguintes problemas:
Na desforma supervisão e cuidado especial são essenciais para evitar que a laje trabalhe sem reescoramento adequado. As escoras posicionadas contra a laje já em cura não têm pre-tensão. Estas escoras somente trabalharão após uma certa deformação da laje (Lei de Hook).
Em alguns casos, as escoras do reescoramento já são colocadas antes da retirada da fôrma, usando algumas tiras estreitas de compensado que ficarão presas. Esta situação certamente protege melhor o concreto em cura, mas não evita a necessidade de supervisão rigorosa na retirada.
Em todo o caso, esse breve guia apresenta as principais orientações para o assunto em questão, mas é indispensável ouvir o responsável pela obra, que somente ele saberá os valores exatos e cálculos que se aplicam no seu caso específico.
Contribuição: Engenheiro Michael Rock, Diretor de Desenvolvimento da SH.
Somente tomando os devidos cuidados e conhecendo ao máximo as delimitações do processo é que se pode evitar danos graves e riscos à sua obra. Na sua obra há algum processo de reescoramento e desforma em andamento? Se há, redobre a atenção e leve as dicas desse guia bem a risca. Se ainda não, com certeza irão cruzar com essa necessidade muito em breve, portanto, convém se informar. Doar um tempo em busca de conhecimento é, na verdade, ganhar tempo evitando transtornos e futuras dores de cabeça.
Com muito prazer, esse foi mais um A SH explica! Fique por dentro. Toda quarta-feira no blog SH.